Os santos desejam fazer grandes coisas, mas reconhecem que fizeram pouco ou nada...
O verdadeiro chamado: a santidade
Alguns gastam algum tempo para entender que o caminho da Boa Nova não gera heróis e sim santos.
Jesus não me chama a ser um herói, mas a ser santo, não me chama a fazer grandes coisas, nem a mudar o mundo com as minhas próprias forças.
O herói tem que ser forte, revolucionar, aceitar, agradar, provar o seu poder, tem prioridades, honras, mérito, é modelo.
Os seguidores de Jesus Cristo, o Deus feito homem, eram os fracos, os pecadores e os mal falados do Evangelho.
Não eram os sábios, não tinham a coragem necessária para um guerreiro, um herói. Que decepção!
Que dor para o menino que tanto sonhou poder ser ou fazer alguma coisa.
Bendita alegria para o homem que hoje vê que tudo pode naquele que o fortalece.
Santos, fracos, loucos, mas acima de tudo bem-aventurados.
Os heróis contam com a força, os santos com a graça.
“Basta-te a minha graça”, disse o Senhor a São Paulo.
Os santos desejam fazer grandes coisas, mas reconhecem que fizeram pouco ou nada, que são servos inúteis, não esperam aplausos, nem as primeiras cadeiras, nem o apoio da mídia para anunciar suas dores, sacrifícios e lágrimas derramadas pelos pecados dos que “na sombra da morte estão sentados”, mas acima de tudo pelo seu próprio pecado.
Os heróis querem mudar o mundo, os outros, as estruturas, os santos desejam mudar o seu coração, pois sabem bem que é de lá que procedem todos os males, mas também sabem que não têm força para isso.
Apenas gritam e clamam o auxílio do Senhor.
Não se desesperam, não se acusam quando caem ou erram, reconhecem-se pequenos e por isso permitem-se levantar-se com facilidade.
Experimentam que é melhor cair nas mãos de Deus do que nas mãos dos homens, porque esses julgam conforme a aparência, mas Deus vê o coração.
O herói leva fardo, é escravo das honras. O santo é livre, ninguém lhe dá honras.
Não deseja ser bom, prova em sua vida que só Deus é bom.
Não mendiga atenção pelos seus dons, nem se vende por migalhas, sabe quem é o seu mestre e que não é mais do que Ele.
Faz memória da vida do seu Mestre, dos mártires e não busca o aplauso dos homens.
Essa é a vida do santo. O herói sobe, o santo desce. O herói faz-se obedecer pelo seu poder, o santo pelo seu amor a Deus.
O herói é exaltado, o santo humilhado, busca a coroa imperecível, o seu reino não é deste mundo.
É bem verdade que nem todos nasceram para serem heróis, é um caminho exigente, mas é certo que todos nasceram para serem santos.
O heroísmo gera orgulho, a santidade humildade. “Não fazeis como os grandes deste mundo, diz Jesus!
“Qualquer pessoa, por mais pobre, por mais ferida que seja pode aspirar à santidade a partir da sua situação real, ainda que fosse a mais marginal, tanto no aspecto psicológico como moral.” “não há santo sem passado, nem pecador sem futuro.”
Ser santo não é ser virtuoso ou moralmente perfeito.
“Os feridos da vida, os fracos, os alcoólicos, os chagados, os dependentes de todos os tipos, os pobres que aceitam sofrer a sua miséria e lutar apesar de tudo, abrem-se a misericórdia e entram, como o bom ladrão, no Reino de Deus antes dos puros que depositam em si mesmos a confiança, contando com as suas virtudes naturais.”
Não podemos esquecer que a gratuidade da misericórdia de Deus nos ultrapassa, “nada é impossível a Deus”.
A nossa fraqueza não pode ser obstáculo para o nosso caminho de santidade, mas sim a nossa falta de desejo.
“Ser santo e ser herói são caminhos bem diferentes. O herói é o homem da sua vontade; o Santo é o homem da graça.
O herói está penetrado da sua força; o Santo persuadido da sua fraqueza.
O herói trabalha para a sua glória, para o triunfo das causas temporais.
O Santo tem em vista a glória de Deus. O herói tem o sentido do homem; o Santo tem o sentido de Deus.”
(Pierre Blanchard).
“Nunca um homem será mais ferido pela vida do que amado por Deus, nunca”.
Iracy Maia
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